KOMPANHIA
prêmio Multicultural Estadão
1998Uma festa-instalação foi criada pelo diretor Ricardo Karman e o artista multimídia Otavio Donasci para a entrega do II Prêmio Multicultural Estadão, evento que projetava e estimulava aqueles que contribuiam para a transformação do mundo cultural e artístico brasileiro. Com perspectiva interativa, a cerimônia aconteceu no Galpão Fábrica, habitual reduto de desfiles de moda paulistano à época.
O espaço conceitual, ladeado por portais ritualísticos, ganhou vida no centro do galpão, formando uma misteriosa montanha inteiramente coberta por grama natural e delimitada por tochas de fogo e luz - 75 metros cúbicos de terra foram despejados ali. Os apresentadores eram vídeo-máscaras gigantes e os contemplados recebiam o prêmio no topo do monte, como se fosse o Olimpo, recepcionados por ninfas segurando archotes.
Entre os vencedores daquela edição, destacaram-se o escultor Frans Krajcberg, o pensador Benedito Nunes e o multiartista Álvaro Apocalypse, diretor do grupo de teatro de bonecos Giramundo. O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) triunfou como fomentador de cultura. Cada um recebeu, além de dinheiro, uma obra criada pela artista plástica Ana Maria Tavares.
No decorrer da solenidade, o produtor de vídeo Sérgio Rozenblit exibiu um filme que focou os nomes premiados trabalhando em seus nichos produtivos. Krajcberg, por exemplo, foi visto esculpindo no Sítio Natura, em Nova Viçosa (BA). Apocalypse apareceu durante ensaios de sua trupe teatral no campus da Universidade Federal de Minas Gerais. Benedito Nunes era acompanhado em passeios pelo Bosque Rodrigues Alves, em Belém (PA). A impressionante sede do CCBB, no centro do Rio de Janeiro, surgiu na tela. Mais do que uma simples festa, o público participou de uma experiência nada usual, um passeio pelos experimentos da land art, um movimento artístico marcado pela fusão da natureza com a arte.