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MÚSICA

Luedji Luna: Bom mesmo é estar embaixo d’água

Luedji Luna: Bom mesmo é estar embaixo d’água

03, 17 e 24.04.18: terças às 20h

Luedji Luna, cantora baiana dona de uma voz impar e de uma musicalidade contestadora digna de leveza, convida os músicos e compositores, François Muleka (Congo-Brasileiro) e o cubano Aniel Solleiman para a temporada "Bom mesmo é estar debaixo d’água" no Centro da Terra.

Com um novo perfil estético que se diferenciará de seu disco atual, Um corpo no Mundo, Luedji propõe uma surpresa ao público, ao entregar seus segredos musicais.


"A força hipnótica de Luedji no palco vem se construindo aos poucos. Quando veio para São Paulo, aos 27 anos, ela já tinha o plano de viver de música na única mala trazida consigo. Vieram também duas músicas, Asas e Dentro Ali, composições datadas de 2012. São as únicas canções pré-Um Corpo no Mundo, mas que provam que aquele sentimento de não pertencimento e de busca pela sua essência e origem já estavam dentro dela, faltava algo.


E veio, com um gosto amargo, na solidão. Luedji chegou a São Paulo com uma mala, mudou-se para a Barra Funda, frequentou o centro da cidade. “Não conhecia as pessoas daqui”, ela relembra. “Me deparei com uma solidão e percebi que não era representada na cidade. Vim de Salvador, que é a cidade do mundo com o maior número de negros fora da África. Em São Paulo, não me via nos lugares que frequentava”, ela explica.


Por viver próxima da estação rodoviária, via ali imigrantes haitianos e africanos a chegar à cidade, refugiados. “Eu ficava aliviada em perceber que não era a única”, ela conta. “E me lembrou da diáspora africana, que é não saber de onde eu vim, né? Qual é a nossa herança? Descendentes de italianos têm uma narrativa, é um avô que veio da região da Sicília. Eu não sei de qual das ‘áfricas’ eu vim”, conclui.

Daí nasceu Um Corpo no Mundo, cujo título entrega esse descolamento e uma herança perdida. “É sobre a sensação de me sentir identificada com outro continente que não tenho como estabelecer uma conexão”, explica. Luedji planou nesse “não lugar”. E, no palco, encontrou seu espaço. Um lugar que é seu, por direito." Luedji Luna canta sobre herança, hereditariedade e encontrar seu lugar no mundo, de Pedro Antunes

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